
gabinete paralelo
desenvolvimento social
A dissertação de mestrado de Maurício Fogaça funciona como um bom resumo do que o levou à vida acadêmica. Acumulando especializações no currículo, o 2º Sargento da Polícia Militar do Paraná usou sua experiência nas ruas para se debruçar sobre as consequências dos investimentos na política criminal de drogas em sua dissertação de mestrado.
.
Hoje, a estimativa é de 25% dos homens e 63% das mulheres estejam presos por infrações relacionadas a drogas. .
"O perfil padrão do detento brasileiro é o seguinte: ele tem menos de 30 anos, é homem, negro, morava na periferia e está na cadeia na grande maioria por causa de tráfico de drogas, roubo ou furto, sendo que 74% dos encarcerados são provenientes de famílias que sobrevivem com apenas um salário mínimo, 81% não têm instrução primária completa e 14% não sabem escrever o próprio nome.”
.
O boom prisional no país, de acordo com a pesquisa desenvolvida pelo sargento no Programa de Pós-Graduação em D. Humanos e Políticas Públicas da PUC, está relacionado à lei nº 11.343/06, que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas e criou um tratamento legal diferenciado para o usuário de drogas, em comparação ao pequeno traficante. .
O objetivo da mudança legislativa era reduzir o aprisionamento. Na prática, a implementação da nova legislação trouxe um aumento de 344,8% nas prisões relacionadas às drogas, segundo dados das ONU. .
O Brasil ocupa o 3° lugar no ranking de maiores populações carcerárias no mundo, atrás de Estados Unidos (2,1 milhões de presos) e China (1,6 milhão). Com base nos dados levantados, essa trágica posição só foi alcançada graças ao nosso desempenho na prisão de pessoas 'acusadas' por tráfico de drogas.
.
Prender pessoas é caro. A pesquisa de Fogaça aponta que um detento brasileiro custa, em média, R$ 2.400 mensais.
.Com uma população prisional de 51,7 mil pessoas, em 2016 o estado do Paraná sozinho teria gastado R$ 119 milhões com o sistema penitenciário por mês.
.
Em média, cada ocorrência de policial que dure aproximadamente 3 horas (tempo médio das notificações relacionadas a drogas) custa R$ 185,75. Em 2017, o Paraná registrou 25 mil ocorrências relacionadas a uso de drogas.